DUARTE, Anselmo. - O pagador de promessas (1962)
A ATEMPORALIDADE DE ZÉ DO BURRO
A produção brasileira de 1962 “O pagador de promessas” foi o único filme brasileiro a ganhar a Palma de Ouro. Ao adaptar a complexa narrativa de Dias Gomes sobre um homem que tenta cumprir a promessa de entrar com uma cruz na igreja de Santa Bárbara, Anselmo Duarte retrata a pluralidade de culturas e o sincretismo que o dramaturgo originalmente buscou representar.
Tanto a peça quanto o longa incorporam uma série de temas ao mesmo tempo enquanto mantém estável o ritmo da história. A religiosidade tradicional e popular, o sensacionalismo midiático, a reforma agrária, a rigidez católica e as conturbadas relações interpessoais são assuntos que se perduram até a contemporaneidade – mostrando a relevância do filme.
Apesar de trazer o tom cômico e entregar diversas cenas que divertem o espectador, é possível identificar no filme a crítica e a denúncia. A maneira satírica e exagerada dos personagens são caricaturas de personalidades reais que são, inclusive, presentes na atualidade. Da mesma forma, a religiosidade retratada se mantém – rígida e controladora.
